Professora Bríggida Rosely de Azevêdo Lourenço
Professora Bríggida Rosely de Azevêdo Lourenço nasceu em 13 de julho de 1983. Filha de Roselma Maria Ribeiro de Azevêdo Cruz e Joselito Lourenço da Silva. Tinha um irmão: Joselito Íkaro Azevedo Lourenço. Sempre foi muito dedicada aos estudos e, quando criança, queria sempre tirar boas notas. Sua dedicação a levou para a formação em Biblioteconomia, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Seu jeito calmo e doce sempre cativava as pessoas que a conheciam. Bríggida via a Educação como caminho para transformar o mundo em um lugar mais justo e igualitário. Transmitia valores positivos para quem convivia e era a mãe dedicada de Bianca Celly Azevêdo Figueiredo. Era uma pessoa muito organizada e determinada. No tempo livre, gostava de cuidar da filha e estar em família, como relatam seus familiares.
Na sua profissão, sempre buscou se qualificar para oferecer aos seus alunos o melhor do seu potencial profissional e cidadão. Era mestre em Ciência da Informação, tendo obtido o título em 2011, pela mesma instituição na qual se graduou. Foi professora substituta do Curso de Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em João Pessoa.
Amigos e familiares recordam que Bríggida sempre se mostrou muito comprometida com o trabalho. Jovialidade e responsabilidade se aliavam em sua personalidade. Seu relacionamento com as pessoas sempre fluía com facilidade, graças ao seu carisma e forma respeitosa de sempre tratar os outros. Entre os colegas de trabalho era aquela pessoa com quem todos sempre podiam contar, pois estava sempre disposta a contribuir. Amava viver e irradiava entusiasmo.
Mas a violência que aflige tantas mulheres no país fez de Bríggida uma vítima. Em 19 de junho de 2012, aos 28 anos, ela teve sua vida ceifada pelo ex-companheiro que não aceitava o fim do relacionamento. Foi encontrada morta, estrangulada, em seu apartamento. Sua morte entrou nas estatísticas relacionadas à violência contra a mulher. Foram assassinados com ela seus sonhos e direitos de viver em paz, com dignidade e amor.
Familiares, amigos, colegas e alunos sempre lutaram por justiça. Em 2015, o algoz da professora Bríggida foi a júri popular e condenado por homicídio qualificado a 17 anos e seis meses de prisão em regime fechado. Porém, em 2017, passou a cumprir a pena em prisão domiciliar, após alegar problemas de saúde.
A morte de Bríggida causou grande comoção. Impossível aceitar a perda de uma vida por motivo tão banal. A tragédia deixou como legado o alerta para a necessidade de políticas públicas eficazes para proteção das mulheres, que constantemente são vítimas de uma sociedade machista, vistas como uma propriedade masculina e tolhidas em seus sentimentos, direitos e dignidade humana, simplesmente por sua condição de gênero.
Após sua morte foi criado o Coletivo Feminista Bríggida Lourenço, no Câmpus V da UEPB, em João Pessoa, onde lecionava. Também foi instituída a data “19 de junho” como o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, por meio da Lei 11.166/2018 de autoria do Deputado Raniery Paulino. Agora, como mais uma forma de homenagem à docente , o Observatório do Feminicídio na UEPB leva seu nome (Observatório do Feminicídio na Paraíba – Professora Bríggida Rosely de Azevêdo Lourenço) e trabalha no enfrentamento social do problema, com aporte de saberes para a melhoria e implementação de ações concretas para proteção da mulher.